A cultura está na predileção do povo, mas não na mesma proporção na
esfera das políticas publicas. Qualquer ação no sentido de valorá-la, é
sempre muito bem-vinda. O Brasil é incontestavelmente um país com
talentos incríveis e produções das mais diversas competências sem,
contudo, chegar a todos.
Vez por outra boas novas acontecem como é o caso do vale cultura, a ser
implantado como noticiado, no segundo semestre. O valor ainda é modesto,
R$50,00/mês, mas vai beneficiar grande parcela da população, em torno
de um milhão de trabalhadores formais, que poderão investir este valor
em um amplo leque de atividades culturais. Sendo possível assim, ir ao
teatro um mês, adquirir livros em outro, ir cinema, visitar exposições, e
daí por diante.
Muito tem sido discutido sobre o que pode ou deve ser incluído neste
pacote, de todo jeito seja como for vai colaborar, é fato. O vale
cultura chega mais que na hora,com a intenção de corrigir esta
lamentável desigualdade, no entanto vale aqui um pequeno parêntese sobre
alguns pontos. O primeiro deles, seja talvez o mais preocupante, diz
respeito aos equipamentos culturais tão deficientes em muitos lugares e,
em outros tantos, inexistente, especialmente nas periferias das grandes
cidades e nos pequenos municípios, em particular no Norte e Nordeste do
país. Pesquisas apontam que em torno de 90% dos municípios não tem
salas de projeção e mais de 70% não possuem teatros ou salas de
espetáculos. Este é o lado ruim da história. De que adianta dar peixe
sem o anzol para novas conquistas? Por outro lado esta medida pode
impulsionar e estimular a criação, adequação e recuperação de espaços
capazes de atender ao mercado cultural.
Público com certeza não faltará, os brasileiros dão prova constante de
seu interesse e presença em ambientes culturais; não raro, podemos
encontrar filas imensas ao redor dos teatros, mostras de artes
plásticas, nos cinemas, enfim, aparecendo a chance o povo está lá,
comparece. Quer substancia e conteúdo, não só luxo.
Enfim, um país que toma fôlego em tantas áreas, fica a ávida torcida
para que a cultura inicie um caminho próspero e sem volta, ao alcance de
todos e venha ser consumida como prato principal de uma nação tão
diversa e brilhante artisticamente. Lúcido pensar e acreditar nas
palavras do poeta espanhol Antônio Machado, ”caminhante não há caminho.
Faz-se caminho ao andar”. Caminhemos.
Rogéria Gomes
grandesdamas@hotmail.com
Jornalista e escritora
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