Os versinhos são muito conhecidos: “Nana, nenê,/ que a Cuca vem pegá/, mamãe foi na roça,/ papai já vem já”. Ou ainda: “Vai, Cuca,
sai daqui/ para cima do telhado/ deixa o menino/ dormir sossegado”. As
cantigas infantis e as canções de ninar também fazem parte do nosso
folclore.
A Cuca, personagem das duas quadrinhas, é uma versão
feminina do bicho-papão, nome genérico de uma criatura imaginária que
pega as criancinhas que se recusam a dormir. O geógrafo e historiador
Teodoro Sampaio (1855-1937) diz que “cuca” designa uma coruja. Pode ser
este o bicho agourento que deu origem ao personagem Cuca, presente em várias cantigas infantis.
Monteiro Lobato aproveitou o personagem em seu livro “O Saci”, que
trata de vários personagens do folclore brasileiro. Na obra de Lobato, a
Cuca tem cara de jacaré e dorme uma noite a cada sete
anos. Quando ela fica brava, solta seu urro de raiva que pode ser ouvido
a 10 léguas de distância. Um dia ela raptou e encantou Narizinho. Com
ajuda do Saci, Pedrinho conseguiu o fio de cabelo de uma Iara e quebrou o
encanto.
Além da Cuca, um outro papão está presente em muitas canções de ninar, conforme ensina o folclorista Luís da Câmara Cascudo: o Tutu, ou Bicho-Tutu, que também é conhecido como Tutu-Marambá, Tutu-Zambeta ou Tutu-do-Mato.
Outro personagem usado para assustar crianças e conter suas travessuras é a Cabra-Cabriola
que, apesar do nome, não é uma cabra. É um monstro horrível, com uma
boca enorme e dentes agudíssimos, que solta fogo pelos olhos e pelas
narinas. A Cabra-Cabriola vagueia pela noite, invade casas e devora as criancinhas que encontra pela frente.
Há ainda mais uma criatura do folclore que tem nas criancinhas – ou em parte delas – o seu prato favorito: é o Papa-figo, um homem que se cura da lepra devorando o fígado de meninos e meninas.
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