Valdir Teles é poeta repentista dos mais consagrados da poesia popular nordestina. Em 2014 comemora 35 anos de vida profissional inteiramente dedicada a cultura. Nasceu em Livramento, Cariri paraibano mas foi levado ainda recém nascido para São José do Egito, Pajéu pernambucano, onde recebeu forte influência da cultura local, a cantoria de viola.
Agricultor até os 19 anos de idade, ficou orfão de pai aos 11 e como filho mais velho desde cedo assumiu a responsabilidade com os 4 irmãos e a mãe. Tentou a profissão de operário de firma na Bahia, chegando ainda a trabalhar em Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso, tentando também o exercício como fotógrafo durante os anos na Bahia. Em 1979 regressa ao sertão pernambucano quando em uma cantoria da dupla Sebastião da Silva e Moacir Laurentino no Sítio Grossos (São José do Egito), através de Zé de Cazuza que lembrou-se do seu desempenho numa cantoria em Paulo Afonso, apresentou-o à dupla Sebastião e Moacir, onde tem a oportunidade de mostrar seus dotes poéticos e de imediato é convidado para assumir um programa de rádio junto com a dupla, na cidade de Patos, na época o mais ouvido do gênero pela imensa popularidade e fama dos titulares, a já citada dupla.
A partir de 1979, quando fixa residência em Patos inicia a trajetória poética que já se anunciava de grande dimensão para a cultura popular nordestina. Os anos vindouros marcaram a gravação do seu primeiro LP com o poeta Lucio da Silva pela gravadora Chantecler, a tituralização dos maiores programas do gênero, em emissora como a Panati e a Espinharas, a participação nos grandes eventos da cantoria e o destaque nos congressos e festivais, maior termomêtro de talento da época. Em 1982 ainda é Patos, se torna pai de Edilza Carla Rodrigues, de um relacionamento avulso. Em 1983 casa-se com a paraibana de Brejo Cruz Maria Elza Fernandes, com quem formou uma família e vive até hoje.
Paralelo a caminhada profissional e sendo conduzida por esta, o poeta Valdir Teles escolhe Caicó-RN para o primeiro domicílio do jovem casal, na época orientado pelo já festejado poeta Louro Branco que também residia no Sediró potiguar. É em Caicó que nasce o primeiro filho da união do poeta, Galderise Teles, hoje advogado tributarista e professor. Segue sua caminhada para Limoeiro do Norte, onde se torna dupla do poeta Zé Cardoso. Em 1986 nasce no ceará o segundo filho do poeta, Glaubênio, apologista apaixonado pela cantoria de viola, de forte sensibilidade poética, mas que preferiu trilhar o ramo do gerenciamento e administração empresarial. O período em Limoeiro foi de suma importância para o amadurecimento do poeta e o aperfeiçoamento de sua arte, onde permaneceu durante 9 anos com programas de rádio, e se tornou respeitado e aplaudido em todo o Vale do Jaguaribe, região que permanece ainda hoje na preferência e nas melhores lembranças do poeta.
Em 1993 muda-se para Tuparetama, cidade vizinha a São José do Egito e também situada no alto sertão do Pajéu, região internacionalmente conhecida como a Grécia dos cantadores e o reino imortal da poesia. É em Tuparetama que Valdir resolve fixar residência, educar a família e solidificar sua vida. Estrategicamente bem localizada, o ambiente pajeuzeiro proporcionou ao poeta o cultivo de suas raízes e a formação de amizades que representam a própria extensão familiar e de inenarrável importância no seu sucesso. Em Tuparetama nasce a quarta e última filha do poeta, Mariana. Hoje acadêmica do curso de direito e poetisa declamadora, a única a carregar o dom do pai e perpetuar o seu legado para com a cultura nordestina com brilhantismo.
Em 2004 se torna secretário de cultura do munícipio de Tuparetama, na administração de Sávio Torres, irmão do grande poeta e amigo de Valdir, Pedro Torres Tunú. Durante sua gestão a frente da pasta consegue o feito inédito de trazer o cantor Raimundo Fagner para emancipação política de Tuparetama em 2005. É Tuparetama destino de todo regresso de Valdir. Apaixonado pelo Pajeú e pelas suas raízes, orientou e educou sua família na base do respeito e amor a sua profissão. Ressalta-se a imprescindível dedicação ao lar de sua esposa no sucesso da formação familiar e profissional de Valdir, cumprindo honrosamente o papel de companheira.
Apaixonado pelas raízes do pé de serra e fã incondicional de Luiz Gonzaga e Lampião, Valdir trouxe para sua atividade artística reflexos do forró, gravando cinco cds do gênero e se destacando no vaneirão improvisado, que por hobbie divide os estúdios e os pés de parede das comemorações familiares com o grande amigo e irmão Delmiro Barros, celebrado cantor pernambucano.
Com admirável acesso no meio artístico, Valdir traz em seu rol de confrades artistas como Maciel Melo, Alcymar Monteiro, Santana, Flávio José, Flávio Leandro, Galego Aboiador, Nico Batista, Amazam, Bia Marinho, Val Patriota, Raimundo Fagner e outros. Como parceiros de profissão que mais disputaram e dividiram os palcos com o poeta destacam-se Louro Branco, Ivanildo Vila Nova, Sebastião Dias, Sebastião da Silva, Zé Viola, Geraldo Amancio e Zé Cardoso. O sítio Serrinha, munícipio de São José do Egito, onde o poeta foi criado é o reduto mais doce de suas lembranças, onde viveu com os pais e os irmãos cultiva hoje a sua história e perpassa as gerações o Rancho dos Poetas, chácara de propriedade familiar onde reúne os amigos e a família em datas importantes. Avô de Maria Eduarda em 2005, de Maria Beatriz em 2011 e celebra neste importante ano de sua trajetória poética e pessoal o nascimento do primeiro neto homem, que o homenageia no nome Valdir Neto, filho de Glaubênio e sua nora Aluska Andrade.
Com mais de 500 troféus de primeiros e segundos lugares, uma turnê pela Europa com Ivanildo Vila Nova, outra pelo norte do país até a Bolívia, Valdir é reconhecido e mencionado em tudo que envolva os grandes nomes da viola. Dono de uma das agendas mais solicitadas da profissão, a custo de muito talento e dedicação conseguiu se estabelecer no que se propôs a fazer. Com mais de 50 cds e dvds no mercado chega aos 59 anos de idade em 2014 comemorando uma trajetória de sucesso e luta. No meio dos cantadores, Valdir também se destaca pelas memoráveis apresentações aos presidentes da república. Bastante solicitado para apresentações do gênero político, conseguiu levar o repente de viola desde os casebres populares as mais altas cúpulas da federação. Se apresentou para José Sarney (a época presidente), Fernando Henrique Cardoso (também presidente) e Lula.
[ Colaboração: Mariana Teles ]
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