sexta-feira, 6 de junho de 2014

Políticas públicas contemplam mestres da cultura

As “Leis de Patrimônio Vivo”, “Leis de Tesouros Humanos Vivos”, também denominadas “Leis de Mestres”, já são uma realidade em estados como Ceará, Pernambuco, Alagoas e Bahia e sua implantação segue em processo em outros estados e municípios brasileiros.

Segundo o Plano Nacional da Cultura (PNC), instituído pela Lei 12.343 (de 2 de dezembro de 2010), mestres da maior relevância cultural, já idosos, se encontram em condições de pobreza e risco social, situação agravada pelo fato de que nunca ou pouco contribuíram para o sistema previdenciário. A mesma conjuntura foi observada entre mestres jovens, situação que justifica a necessidade de se buscar soluções estruturadas. Assim, o PNC define, em sua quarta meta (de um total de 53), a construção de uma política nacional de proteção e valorização dos conhecimentos e expressões das culturas populares e tradicionais.

“A realização da meta quatro depende da aprovação de três marcos legais, que regulamentam a proteção dos conhecimentos tradicionais e expressões culturais tradicionais e dos direitos coletivos das populações autoras, a inserção desses saberes na educação formal, além de auxílio financeiro para mestres da cultura popular”, afirma o secretário de Políticas Culturais, Américo Córdula.

A quarta meta do PNC também visa complementar instrumentos já existentes como o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial como Patrimônio Cultural do Brasil, instituído pelo Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000. Também irá promover o alcance do Programa Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI), instituído pelo Decreto nº. 3.551, de 4/08/2000.

Tesouros Vivos da Cultura Popular Tradicional

O Estado do Ceará possui, desde 2003, uma legislação específica para “Tesouros Vivos da Cultura Popular Tradicional”. Através de edital público, a Secult/CE identifica e recebe inscrições para o processo seletivo que confere o título e um auxílio financeiro aos selecionados no valor de um salário mínimo.

“Trata-se de uma ajuda de custo que eles recebem mensalmente até o fim da vida. Isso significa que a pessoa que se inscreveu no edital, sendo reconhecida, passa a ter uma condição melhor em sua vida pelo ele faz, já fez e pelo que representa. Não há uma obrigação de produção, é um reconhecimento por tudo que ele produziu em sua vida em prol da cultura popular”, conta Otavio Menezes, historiador, cordelista e coordenador do setor de Patrimônio Histórico e Cultural da Secult/CE.

A previsão é que a Secult/CE ofereça pelo menos três vagas para o ano de 2014, pois atualmente são 57 beneficiados. O número máximo de mestres estabelecido pelo programa é 60. “Começamos a discussão para mobilizar e ampliar esse número. Temos a ideia que o estado do Ceara quer ter uma representação de cultura popular, tem que oferecer pelo menos 184 títulos, que é o número de municípios do estado”, adiantou Menezes.

Projetos de Lei

Tramitam, no Congresso Nacional, dois projetos de Lei que visam a proteção e valorização dos conhecimentos e expressões das culturas populares e tradicionais: o PL nº 1786/2011, que institui a Política Nacional Griô, e o PL nº 1176/11, que prevê a criação do Programa de Proteção e Promoção dos Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres das Culturas Populares.

“Em agosto de 2012, o PL 1786/2011 – que institui a Política Nacional Griô, para proteção e fomento à transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral – foi apensado ao PL 1176/11, que institui o Programa de Proteção e Promoção dos Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres das Culturas Populares e que está na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados”, destaca Córdula.

Em relação ao marco legal de proteção dos conhecimentos tradicionais e expressões culturais tradicionais e dos direitos coletivos das populações autoras e detentoras desses conhecimentos, o Ministério da Cultura publicou, em dezembro de 2012, o relatório final do Grupo de Trabalho, instituído no âmbito do MinC, com recomendações e encaminhamentos. Em 2013, o projeto foi devolvido ao relator para manifestação sobre as emendas apresentadas ao substitutivo.

Prêmio Culturas Populares

O Prêmio Culturas Populares, instituído pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC) no ano de 2007, abrange um amplo leque de expressões da cultura brasileira, tais como rituais e festas populares, narrativas orais, práticas religiosas, mitos, medicina popular, alimentação e culinária, grafismos, danças, entre outras.

Em sua quarta edição, o valor total do prêmio foi de R$ 5 milhões e foi destinado a projetos elaborados por comunidades, grupos ou Mestres que valorizem e divulguem a cultura popular brasileira. O homenageado foi Amácio Mazzaropi, ator, produtor e cineasta paulista, mais conhecido por seu personagem “Jeca Tatu”, que retratou o jeito simples e irreverente do caipira brasileiro.

Já foram lançadas três edições do prêmio, somando 695 iniciativas contempladas em todo o País, com um investimento total de R$ 6,9 milhões.

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