Em meio à programação da VI Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco,
promovida pela Secult-PE e Fundarpe, até o próximo domingo (18/8), um
momento especial para celebrar as expressões populares do estado:
maracatus de baque solto e baque virado, caboclinhos e cavalos marinhos
dão os primeiros passos para se tornarem um bem cultural de todo o País.
É que na manhã desta terça (13/8), o governador Eduardo Campos entregou
à presidente do Iphan, Jurema Machado, o Inventário Nacional de
Referências Culturais (INRC) de cada uma dessas manifestações. O
documento representa um dos primeiros passos para que elas recebam o
registro de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.
Na sede
provisória do Governo do Estado, no Centro de Convenções de Pernambuco,
onde foi realizada a solenidade desta manhã, estavam representantes das
quatro manifestações. Marcaram presença os mestres Zé de Bibi (cavalo
marinho), Zé Alfaiate (caboclinho), Diogo (maracatu de baque solto) e
Mestre Afonso (maracatu de baque virado). Em exaltação a esses e tantos
outros que fazem da brincadeira popular uma (p)arte significativa da sua
vida, o governador declarou que "isso que temos aqui hoje é fruto da
resistência de muitos artistas, intelectuais e pesquisadores que
militaram pela sobrevivência dessa cena cultural, aqueles que não se
entregaram, nessa caminhada, ao modismo e circuitos de conveniência.
Todos os brincantes que organizam com tanta luta até hoje isso aqui
merecem o nosso reconhecimento e o nosso aplauso".
O Inventário
Nacional de Referências Culturais é um documento de pesquisa onde estão
classificados elementos, conteúdos e informações que permitem ter uma
visão mais aprofundada sobre determinado bem cultural. Ele também
representa um instrumento de política cultural. A partir dele, é
possível diagnosticar entraves e dificuldades para a sobrevivência da
manifestação, com o objetivo de promover projetos e ações de fomento
capazes de garantir as condições sociais, econômicas e ambientais
necessárias para a sua reprodução e continuidade. O inventário é o
primeiro passo para o possível registro de um Patrimônio Cultural
Imaterial do Brasil, o que possibilita uma série de oportunidades e
desdobramentos para a salvaguarda do bem imaterial. Os dossiês entregues
pelo governador serão apreciados pelo Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural do Iphan e a previsão é que toda análise esteja pronta em
2014.
Em 2007, no ano do seu centenário, o frevo, uma das mais
autênticas manifestações populares pernambucanas, recebeu do Iphan seu
registro de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Posteriormente, em
2012, veio a se tornar Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade,
título concedido pela Unesco.
Semana do Patrimônio
Alguns
minutos antes, o Teatro Arraial (Boa Vista) sediou a abertura do
seminário "Patrimônio Cultural e Políticas Públicas: (des)envolvimento e
desafios", promovido pela Secult-PE e Fundarpe também como parte da
programação da VI Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco. O evento
vai até o próximo domingo (18/8) e reunirá especialistas renomados da
área. Coube ao presidente da Fundarpe, Severino Pessoa, abrir o
seminário, lembrando que os conceitos e as definições de patrimônio
foram atualizados ao longo das décadas, inclusive o próprio papel dos
gestores públicos na preservação desses bens culturais ganhou uma outra
amplitude, com novas atribuições e metodologias de trabalho.
A
opinião foi compartilhada pelos dois outros membros da mesa: Frederico
Mendonça, diretor geral do IPAC, e Jurema Machado, presidente do Iphan.
Para Mendonça, estados grandes e plurais como Pernambuco e Bahia, por
exemplo, necessitam estabelecer parcerias estratégicas com os
municípios, incentivando-os a desenvolver suas próprias gestões de
cultura, onde o patrimônio tenha posição de relevância entre as
prioridades. De acordo com ele, também é preciso um aparelhamento mais
qualificado dos quadros técnicos que trabalham nessa área.
Para
Jurema Machado, os indicativos de desenvolvimento social, que, antes,
eram baseados unicamente em renda, hoje levam em consideração outros
indicativos, como acesso à saúde, educação e cultura, por exemplo. Para
ela, quando se investe em cultura, se têm cidades mais competitivas, que
atraem mais investimentos. E a preservação e vitalidade dos patrimônios
têm um destaque nesse quesito, pois eles se tornam referência de um
lugar, tanto para o passado como um indicativo para o futuro, quando
existem políticas públicas e gestão voltadas a fortalecer essa área.
Nenhum comentário:
Postar um comentário