Diferente da comemoração do dia 19 de abril, o Dia Internacional dos
Povos Indígenas foi uma conquista dos próprios índios do mundo inteiro.
Celebrado no dia 9 de agosto, a data rememora o dia em que um índio
chegou pela primeira vez à sede da ONU, na Suíça, para reclamar seus
direitos, sendo instituída em 1995. As populações indígenas ultrapassam a
marca de mais de 370 milhões de pessoas e estão espalhadas por cerca de
70 países.
Tudo começou quando grupos indígenas começaram a se
reunir em Genebra, com o objetivo de garantir seus direitos humanos, até
ali marginalizados, e assegurar condições dignas de vida. Questões como
os impactos sofridos pelos índios, o incentivo à preservação de sua
cultura pelo mundo, bem como o patrimônio cultural e histórico dos povos
aborígines foram amplamente discutidas. A partir disso, foi possível
instituir a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas. O Brasil também foi representado no movimento através de
líderes indígenas presentes nos debates. Essa presença foi determinante
para deixar claras as necessidades dos índios brasileiros, além de
exigir o respeito a suas culturas, diferentes costumes, idiomas e
ideias.
De
acordo com o primeiro relatório sobre o Estado dos Povos Indígenas do
Mundo, emitido pela ONU em janeiro de 2010, em muitos países os povos
indígenas estão 600 vezes mais vulneráveis à tuberculose em relação ao
resto da população. Já em outras localidades, a estimativa de vida de
uma criança indígena é 20 anos menor do que outras crianças não
indígenas. As estatísticas são alarmantes e independente da região em
que se encontrem, do país de origem, do estado, da cidade ou da tribo à
qual pertençam, os índios merecem respeito e dignidade.
Antes
de ser uma celebração, o Dia Internacional dos Povos Indígenas deve
reconhecer os desafios sofridos pelos índios até os dias atuais. Muito
ainda deve ser feito para garantir condições adequadas de vida a esses
povos. A pobreza, a violência, mas, principalmente, a discriminação
devem ser amplamente combatidas. Há uma carga de muitos séculos de
preconceito, extorsão e descaso que o povo indígena carrega sobre seus
ombros. Mesmo alcançados pelo texto constitucional, a garantia de seus
direitos, previstos em aproximadamente 46 artigos, parece muito longe da
realidade fática. Em muitas sociedades, suas línguas, religiões e
tradições culturais são estigmatizadas e rejeitadas.

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