Depois de um grande Porancy sobre o cemitério indígena na praça
principal de Olivença (distrito de Ilhéus/BA), a aldeia-mãe dos índios
Tupinambá e de realizar a Oração ao Sol (ver abaixo) nas portas da
Igreja de Nossa Senhora da Escada, índios e não índios partiram neste
domingo (30), para a 12a Caminhada Tupinambá em Homenagem aos Mártires
do Massacre do Cururupe e Caboclo Marcelino.
Cerca de mil pessoas participaram do trajeto de 9km sob um sol forte,
que apareceu depois de uma semana se escondendo sobre as nuvens. Ao
final da caminhada, após passar tanto pelas duas pontes que cortam o Rio
Cururupe (a antiga, contra a qual Marcelino lutou, e a nova construída,
na BA 001), os Tupinambá e outros indígenas presentes realizaram, na
praia onde deságua o rio, o Porancy, ritual indígena de comunhão com a
terra, composto cânticos em português e em Tupi.
A polícia militar e a Força Nacional estiveram presentes durante todo o
percurso, exibindo armas de fogo de grosso calibre. Os membros da Força
Nacional, ainda, filmaram e fotografaram a caminhada e os rituais
sagrados realizados na rodovia.
A caminhada também marcou o final do IV Seminário Internacional de
História e Cultura Indígena: Índio Caboclo Marcelino. A cobertura do
Seminário está sendo realizado por indígenas que participaram de
laboratórios de apropriação de Artes e Tecnologias promovido pela Oca
Digital, realizado pela Thydêwá e Cardim Projetos e Soluções Integradas,
com o Patrocínio da Telefonica/Vivo e do Fundo de Cultura da Secretaria
de Cultura da Bahia.
Índio Marcelino
Personagem presente na memória do Sul da Bahia, Marcelino José Alves foi
uma liderança Tupinambá que organizou o movimento indígena para
reivindicar seus direitos no início do século XX. Um dos poucos que
sabiam ler e escrever, era visto como ameaça pelos brancos, sendo
considerado um “Lampião”, Marcelino liderou a resistência contra a
construção da ponte sobre o Rio Cururupe que liga o distrito de Olivença
à cidade de Ilhéus, o que acabou facilitando a expulsão dos Tupinambá
de suas terras. A luta ficou conhecida como “Revolta do Marcelino”
Massacre do Cururupe
Conhecido nos livros de história como a “Batalha dos Nadadores”, é um
episódio histórico conhecido porque no final da batalha, em 1559, o
governador geral do Brasil, Mem de Sá, ordenou um massacre às margens do
Rio Cururupe, deixando os corpos dos indígenas estirados por uma légua
pela praia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário