É comum as pessoas se depararem com a dificuldade de lidar com o álcool
quando querem emagrecer, transformar ou modelar seus corpos. A
disseminação do consumo permitido do álcool tem agravado o que chamamos
de drunkorexia, que nada mais é do que a troca da comida pela bebida.
Na drunkorexia, paciente consome bebidas alcoólicas e não come
O
“anestesiamento” que ele promove e que também é buscado para aplacar as
angústias presentes no dia a dia, faz com que as pessoas esqueçam que
ao entrar em contato com o organismo o álcool se transforme
imediatamente em glicose, colaborando para o processo de
“engordamento”. Além dos danos para saúde física e
mental, o álcool pode representar uma perda da “identidade social".
Grupos que se formam e se reúnem somente em função dele podem criar uma
dependência em alguns de seus membros, levando à necessidade de
afastamento do grupo para poder cuidar da saúde (e/ou do vício),
correndo o risco de sentirem-se deslocados e isolados socialmente.
Assim
como a drunkorexia é fruto dos desdobramentos patológicos inerentes à
obesidade (ou o medo de se tornar obeso, presente nas anorexias, ou na
maior facilidade de beber que os pacientes bariátricos encontram),
outras doenças também ligadas a esta epidemia estão sendo “criadas”.
Todas elas, de certa forma, podem ser consideradas como co-morbidades da
obesidade.
Preocupação exagerada com a alimentação pode acompanhar o excesso de peso
Algumas
dessas doenças, são a ortorexia (que também pode ser nomeada como
síndrome do apetite correto, caracterizado pelo excesso de preocupação
com um exagerado “comer saudável”), a diabesidade (que são
hábitos alimentares que os diabéticos desenvolvem, por não aceitarem as
restrições da doença, transgredindo e adotando comportamentos
compensatórios bulímicos para eliminar os excessos de glicose e/ou
gorduras ingeridos) ou ainda a vigorexia (que é um transtorno
no qual as pessoas realizam práticas esportivas de forma contínua,
evitando desenvolver a obesidade, com uma valorização praticamente
religiosa, com características de fanatismo).
Tal como a
anorexia e a bulimia, esses transtornos alimentares citados acima são
consideradas uma forma reativa de lidar com a obesidade, ou
seja, para evitá-la acabam se transformando numa manifestação da própria
obesidade, como se fosse a mesma roupa vestida pelo avesso. A perda de
peso é um ganho de saúde!
Dirce de Sá FreireDoutora em Psicologia Clínica pela PUC-RJ (2002)
Mestrado em História pela Université de Paris VII - Jussieu, França (1979).
Especializada
em Transtornos Alimentares, coordenadora e professora do curso sobre
Transtornos Alimentares – obesidade, anorexia e bulimia, na CCE-PUC/RJ.
Integrante de equipe de cirurgia bariátrica.
Autora dos livros:
Guia do Gordo e do Magro - aprenda a conviver com a balança, Editora Campus Elsevier, 2007;
"Com açúcar sem afeto" in Del Priore, M. & Amantino, M. (org.) - História do Corpo no Brasil, Editora Unesp, 2011.
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