quinta-feira, 19 de julho de 2012

MATUTÊS NÃO É DOENÇA






Me chamaram de matuto
por gostar de vaquejada
por cantar minha toada
e não gostar de tumulto
por essa gente é que eu luto
nossos sofridos vaqueiros
nosso cansado roceiro
se enganchando nos entulhos
mas que sente muito orgulho
do Nordeste brasileiro.

Não troco um bom sanfoneiro
por tocador importado
e prefiro o meu roçado
nesse chão pajeuzeiro
se juntar o mundo inteiro
leste, oeste, norte, sul
nem oceano azul
de imponente beleza
tem metade da riqueza
que tem no meu Pajeú.

Prefiro o maracatu
a ciranda, o caboclinho
ou dançar um forrozinho
no chão de Caruaru
tomar cana com umbu
um tira-gosto arretado
que petisco afrescalhado
espetado num palito
ou isso é muito esquisito
ou eu sou mesmo amatutado.

Gosto dum frevo pisado
de uma boa cantoria
no sertão nossa folia
é numa pega de gado
onde um vaqueiro arreado
montado em seu alazão
derruba o gado no chão
pra dar o medicamento
e no oitão um jumento
vai se espojando no chão.

Amo escutar Gonzagão
Marcolino de Sumé
Patativa do Assaré
e poemas de Cancão
eu defendo esse sertão
onde um caboclo valente
acorda com o sol nascente
vai trabalhar no roçado
e mesmo estando enfadado
só volta com sol poente.

Eu defendo um bom repente
um aboio improvisado
de matuto, sou chamado
preconceito é deprimente
o matuto alegremente
vai fazendo essa mistura
mostrando o que é cultura
pra muito desinformado
que não sabe o que é xaxado
nem tampouco rapadura.

-Henrique Brandão-

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